segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Capitulo 3 – O Salsa

Depois de quase um mês usando aquela porcaria de gesso eu peguei uma tesoura e num momento de rebeldia arranquei tudo.
Estava na casa do meu pai e tinha apenas um sapato, porque apenas um pé podia ser calçado ate então.
Peguei um chinelo da minha madrasta e fui ao shopping comprar um tênis.
Liguei para ele e marquei um encontro à tarde.
Comprei meu all star e la fui feliz, animada, com as velhas e tão desejadas borboletas na barriga. E sim, os joelhos estavam bambos, alias mais bambos do que nunca porque alem do nervoso eu mal lembrava como se andava com duas pernas, durante um mês eu só pulava.
Mais uma vez estava eu la, indo para um metro, encontrar o meu SALSA. Ah sim, com o passe na mão.
Ele havia dito ser narigudo, mas na foto que mandou não dava para ver muito bem porque estava de frente.
Quando cheguei vi um menino parecido com ele, mas era um nariz pouco maior que o normal, se assim posso dizer.
Parei do lado do menino e fiquei esperando. Comecei a olhar ele discretamente e então vi que era bonitinho. Mas calma Camila, aguarde o seu narigudo.
O tempo foi passando e o rapaz também esperava alguém. De vez em quando me olhava e disfarçava. Foi então que eu pensei que realmente poderia ser ele. A foto era meio de longe, mas parecia ser ele sim.
Cheguei perto e chamei-o pelo nome com um tom interrogativo.
Ele virou e me abraçou. Foi um abraço tão gostoso que eu poderia ficar horas ali, mas como mal o conhecia estava totalmente dura, pensando no que eu faria depois disso.
Bom, o Salsa tinha 17 anos, estava no colegial, gostava de rock. Estava com uma camisa da Itália, era alto, branquinho, cabelo ralinho, quase careca, magro, era brincalhão, falante, inteligente, adorava gibis e o que era melhor, estava com aquele olhar, de quem estava “ali”.
Não demorou nada para chamarmos nossa relação de namoro e nosso sentimento de amor. Com ele eu me sentia ainda mais a vontade, adorava que ele falava sobre tudo, com todos, era o centro de todas as rodas, tinha um ótimo humor e cuidava de mim como nunca ninguém cuidou antes. Eu me sentia uma privilegiada. Que sorte eu sentia ao lado dele. Eu era tão feliz.
Devem estar se perguntando o que aconteceu? Porque eu conto a minha historia solteira. Sim, não deu certo.
O Salsa era mais um ciumento, ele parecia ter perdido o amor próprio ao estar comigo, fazia tudo por mim e se impunha pouco, eu dançava em cima dele. A balança cai para um lado e sobe para o outro.
Mas ainda assim ele tinha tantas coisas legais. Pena que em nossas brigas ele se tornava um louco.
Uma hora ele era o namorado dos sonhos, outra ele me ofendia com todo tipo de palavra e fazia escândalos na frente de qualquer pessoa, o que me deixava furiosa.
Passaram três anos de lindas e tristes historias, mas acima de tudo de muita cumplicidade e amor e resolvi terminar. Eu queria respeito e havia chegado à conclusão que uma vez perdido, "adios".
Ai conheci o fundo do poço, um lugar que nunca havia visitado.
Era uma sensação de frustração muito grande, o meu Salsa, parecia ser o meu perfeito Beto, e ele me achava a Barbie, me elogiava dia e noite, ele me queria, ele queria casar, queria tudo o que eu sempre sonhei, mas o respeito era algo que eu deveria considerar, eu estava certa, o meu Salsa deveria ir embora, mas ele queria ainda estar “ali”.
Ele me ligava dia e noite, chorava, brigava, não entendia, e a cada ligação o meu coração perdia um pedaço, ele realmente doía, eu queria que ele ficasse bem sem mim. Eu queria o respeito, ele me queria.
Foi quando recebi a ligação do Gremlin, agora morando em são Paulo. Meu deus! O meu amigo agora do meu lado.
Marcamos um encontro e lá fui eu encontrá-lo aonde? No metro!
É importante dizer que as coisas haviam mudado ainda mais, uma nova Camila iria encontrar um velho amigo. O corpinho magrelo ganhou algumas curvas, as espinhas se foram e a alto estima chegou.
E quando cheguei lá estava ele me esperando e eu com meu passe na mão.
O meu querido amigo, mestiço, sorridente, misterioso e só me restava saber uma coisa, ele estava “ali”?

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